Naamã é Curado da Lepra com Sete Mergulhos no
Jordão
16
Abril, 2013
A história da cura da lepra de Naamã
traz um lindo ensinamento sobre o poder da humildade e da obediência à palavra
de Deus.
Naamã apesar de ser um estrangeiro,
gentio sem conhecimento do Deus de Israel, creu na pequena, mas poderosa
palavra de uma jovem escrava. E tudo é possível àquele que crer.
Vamos falar neste estudo, um
pouquinho da vida deste fantástico personagem do livro de 2 reis 5:1-27, da sua
cultura, da sua fé e das preciosas lições que a sua cura nos deixa, através dos
significados que os sete mergulhos no rio Jordão representam para os cristãos
de todos os tempos.
Os
Sírios na Época de Naamã e Eliseu
Depois do grande reino de Salomão
houve um conflito entre os israelitas, e o reino foi dividido em dois, o reino
de Israel (reino do norte) constituído de dez tribos, e o reino de Judá (reino
do sul) com apenas as tribos de Judá e Benjamim.
A Síria (não confundir com a Assíria,
que era outra poderosa nação), estava localizada ao norte do reino de Israel, e
pagava tributos ao rei Davi durante todo o seu reinado. Porém com a morte de
Davi, os sírios reconquistaram a sua independência.
O reino de Israel e os Sírios,
chamados algumas vezes de Arameus, também estiveram envolvidos em guerras pelo
controle das rotas de comércio por cerca de 150 anos. Damasco tinha intenção de
aumentar os seus negócios, mas Israel controlava todas as grandes rotas dos
países ao sul do Egito e da Arábia.
Entretanto, todo comércio deveria
passar por Damasco, para chegar aos mercados dos ricos países que formavam a
mesopotâmia, uma rota de vital importância estratégica para Israel.
E neste contexto de interesses
comerciais, ambos exércitos, tanto o de Israel e o exército Sírio, estavam
constantemente engajados em batalhas pelo controle e hegemonia sobre tais
caminhos por onde as caravanas com produtos passavam.
Naamã Era Comandante dos Exércitos da Síria.
Ilustração.
Quem
Era Naamã
Naamã, o arameu, foi um general do exército
sírio, quando Ben-Hadade II era rei da Síria (860 - 842 a.c.). Em 2 reis 5:1
encontramos expressões que descrevem sua personalidade, sua honra e sua
habilidade no combate.
"E Naamã, capitão do exército do rei da Síria,
era um grande homem diante do seu SENHOR, e de muito respeito; porque por ele o
SENHOR dera livramento aos sírios; e era este homem herói valoroso, porém
leproso." 2 Reis 5:1
O rei era naquele tempo o comandante
supremo, entretanto, colocava a frente do exército um general comandando suas
tropas. As unidades eram geralmente formadas por 10, 50, 100 e 1000 homens.
Cada oficial (sarim), comandava o gedud [do hebraico compahia],
até 120 homens.
Os generais, comandavam o deguel
[do hebraico "uma divisão de exército"], com mais de mil homens.
Mas como Naamã era o general de todo o exército Sírio, ele comandava o degalim
[do hebraico milhares], que estavam sob suas ordens.
Mesmo com tanto poder e autoridade,
havia algo que trazia embaraço a Naamã, ele era leproso. Naturalmente os
leprosos eram vistos como incapazes, dignos de pena, e eram mantidos longe da
população, isolados em aldeias para leprosos, não tinham mais contato com a
família e a sociedade.
Mas Naamã era um guerreiro
fascinante, pois por meio dele os sírios já haviam recebido livramentos. Assim,
foi mantido como chefe de suas tropas.
E Naamã em sua necessidade de
autoafirmação como líder de um poderoso exército, em um tempo onde havia uma
aliança de paz entre a Síria e Israel (para combater um inimigo comum que se
expandia e ameaçava a ambos, a Assíria), pratica uma incursão chamada de [razia],
e leva cativa uma jovem israelita.
A razia, diferente da guerra, não
tinha por objetivo matar, mas apenas saquear e fugir sem sofrer danos. Era o
"esporte" nobre do deserto e dos povos nômades e semi-nômades.
A
Jovem Israelita Escrava de Naamã
A jovem israelita que foi feita
escrava [do hebraico ebed] da mulher de Naamã, é um exemplo de fé e
confiança no Senhor. Os escravos eram reduzidos pela guerra à situação de
servidão em terra estrangeira, eram objetos de comércio em todo oriente antigo.
Perdiam a liberdade e muitas vezes, a sua própria identidade.
O escravo era considerado
estritamente uma "coisa" possuída por seu dono, que a tomou por
direito de conquista. As antigas leis da mesopotâmia permitiam que o escravo
fosse marcado com até três tatuagens.
Mas a jovem israelita, ensinada nos
caminhos do Senhor, guardou a palavra em seu coração. E não hesitou em lançar
uma pequena semente, como a de uma semente de mostarda, enquanto cuidava dos
afazeres domésticos da casa da mulher de Naamã.
As escravas mulheres ficavam a
serviço pessoal da dona da casa em que viviam.
"E disse esta à sua senhora: Antes o meu
senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da
sua lepra." 2 Reis 5:3
E esta pequena semente, encontrou
terreno fértil no coração do general Naamã, que ao ouvir a mensagem da jovem
israelita, imediatamente creu no Senhor. Aquela jovem ajudou a construir a paz.
E Naamã certamente já havia tentado a
sua cura através de incontáveis rituais, dirigidos a diversos deuses,
especialmente a rimom [o original seria aqui "ramam", 'aquele que
faz trovejar', uma designação ao deus hadade, também conhecido como baal,
adorado por todo oriente antigo].
Naamã usou pomadas(unguento com mirra
e incenso), banhos com ervas e raízes, diversos tipos de receitas dos Xamãs
sírios, mas nada o havia ajudado.
Naamã
Vai a Eliseu
E ele se apressa em conseguir uma
carta de recomendação do seu rei, ao rei de Israel. Ainda que tais cartas
fossem comuns no antigo oriente, as frequentes razias e investidas de
Ben-Hadade contra o norte de Israel, fizeram o rei suspeitar que era uma
disfarce de Naamã para mais um ataque.
Mas o profeta Eliseu, guiado por
Deus, pede ao rei que conceda o salvo conduto diplomático que Naamã precisava.
Sabiamente, Eliseu era conhecedor que a paz não poderia ser mantida somente
através de espadas e carros de combate.
Sucedeu, porém, que, ouvindo Eliseu, homem de Deus,
que o rei de Israel rasgara as suas vestes, mandou dizer ao rei: Por que
rasgaste as tuas vestes? Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel.
2 Reis 5:8
E Naamã parte em uma viagem de
aproximadamente 138 km de Damasco a Dotã. Ele, depois de tanto esforço,
esperava que Eliseu o recebesse e fizesse algum tipo de ritual mágico, algum
tipo de oração forte, quem sabe um passe espiritual que o purificasse da sua
lepra.
"Então Eliseu lhe mandou um mensageiro,
dizendo: Vai, e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será curada e
ficarás purificado." 2 Reis 5:10
Naamã esperava ter que fazer alguma
coisa complicada, seguir alguma prescrição difícil, entretanto ele sai da casa
de Eliseu com apenas uma simples palavra de obediência.
Bastava somente a obediência à
palavra de Deus. Era preciso humildade e quebrantamento de toda altivez de um
homem acostumado a dar ordens e a comandar exércitos numerosos, a se submeter
aos sete mergulhos do rio Jordão.
"Porém, Naamã muito se indignou, e se foi,
dizendo: Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sairá, por-se-á em pé,
invocará o nome do SENHOR seu Deus, e passará a sua mão sobre o lugar, e
restaurará o leproso." 2 Reis 5:11
Naamã Se Banhando nas Águas do Rio Jordão.
Ilustração.
Os
Sete Mergulhos de Naamã no Jordão
O rio Jordão "aquele que
desce", está localizado em um vale que constitui um fenômeno único no
mundo. Na sua fonte, no pé do monte Hermom, ele está a 563m acima do nível do
mar e quando deságua no mar morto atinge 392m abaixo do nível do mar.
E realmente, para se aproximar de
Deus, muitas vezes é preciso trilhar pelo difícil caminho da descida e
humilhação. Se Naamã não deixasse o seu orgulho, a sua autopercepção de
altivez, ele não teria alcançado a misericórdia.
Mas ele abre mão de tudo o que era, e
passa a cumprir o mandamento divino, se submetendo ao batismo da humildade e do
quebrantamento, que por sete vezes simbolizava virtudes espirituais que devem
estar presentes na vida daqueles que desejam passar pelas águas da purificação
e do Espírito de Deus.
Nos
Sete Mergulhos de Naamã:
·
O primeiro era o mergulho do amor,
pois o amor é humilde e tudo suporta, tudo crê;
·
O segundo era o mergulho que traz um
profundo gozo que se manifesta no coração daqueles que tem o prazer de cumprir
os mandamentos de Deus;
·
O terceiro mergulho trouxe a paz e a
serenidade, pois Naamã sabia que estava debaixo da vontade e da proteção divina;
·
O quarto era o mergulho que
exercitava a longanimidade e a benignidade, alimentados com esperança,
produzida pela provação dos sete batismos nas águas do Jordão;
·
O quinto mergulho falava da bondade
divina, que não cobrava nada para fazer o bem, antes tudo operava por graça e
pela graça;
·
O sexto era o mergulho da fé. A fé
que foi necessária para se chegar até aqui, a fé de que com apenas mais um
mergulho a benção de Deus se manifestaria;
·
O sétimo mergulho era o da mansidão e
da temperança que foram produzidas após a provação que despertou a esperança,
que levou à fé, que trouxe a materialização da cura da lepra de Naamã.
"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança." Gálatas
5:22
E estas virtudes espirituais,
juntamente com a obediência à palavra de Deus, performaram um lindo milagre,
Naamã foi limpo e restaurado, pôde reconhecer que não há outro Deus como o Deus
de Israel.
Então desceu, e mergulhou no Jordão sete vezes,
conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou-se como a carne de um
menino, e ficou purificado." 2 Reis 5:14
E Naamã tenta agradecer a Eliseu,
compensando-o com presentes caríssimos. Um talento de prata pesava 70 quilos.
Ele não conhecia os meandros da graça e da misericórdia. Pensava ainda com as
categorias dos deuses e dos "sacerdotes" sírios, que já haviam lhe
cobrado tanto ouro e prata no passado, pelas performances dos rituais pagãos.
Mas o Deus de Abrão, Isaque e Jacó
curava com as águas turvas do Jordão. Deus usa as pequenas coisas para
confundir as grandes, e assim revela que é pelo seu poder e pela sua infinita
bondade.
Eliseu conhecia os mistérios de Deus,
sabia que o Senhor do universo, dono do ouro e da prata, não respondia ao vil
metal perecível. A única riqueza que tem valor para Deus é o testemunho de um
coração profundamente agradecido. Deus conhece o preço imensurável da gratidão.
E Naamã pôde experimentar dessa graça
e desse perdão. Ele profundamente agradecido confessa com a sua boca que nunca
mais serviria a nenhum outro Deus. O nome do Senhor foi grandemente
engrandecido.
"Eis que agora sei que em toda a terra não há
Deus senão em Israel;" 2 Reis 5:15
A
Provação Produz Aperfeiçoamento
Muitas vezes temos entendimentos
incompletos sobre o nosso Pai celeste. Temos fraquezas, vícios, maus hábitos ou
algo que precisamos melhorar. E Deus nos ama mesmo assim. Mas isso não
significa que Ele quer que continuemos da mesma forma errante.
E no seu muito amor por nós, Ele nos
conduz por caminhos diversos, onde podemos ser provados. Mas Deus sabe até onde
podemos suportar. Toda prova tem um objetivo, que é sempre nos aperfeiçoar e
nos fazer crescer em fé e esperança.
Assim, não desanime. Seja qual for a
sua luta, a sua prova, quantas vezes necessário for, desça, mergulhe. Muitas
vezes a vitória vem pela humildade e pela obediência.
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Deus te abençõe sempre !!