A Regeneração
Os efeitos da regeneração
A regeneração é ato criativo de Deus. É uma obra essencialmente divina.
Segue-se que a regeneração não é simplesmente uma mudança de disposição moral
ou reversão de atitude mental operada no homem.
Através da regeneração Deus cria um novo homem, com uma nova natureza em
verdadeira justiça e santidade, segundo a sua palavra. O novo ser gerado por Deus tem uma
nova natureza segundo a natureza divina Jo 1. 12- 13.
Deste posicionamento segue-se:
Por meio do corpo de Cristo o velho homem foi crucificado, e deste fato decorre: o
cristão está morto para o pecado, morto para a lei e vivo para Deus.
“Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados
na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que,
como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós
também em novidade de vida” Rm 6. 3- 4.
Todos aqueles que foram batizados em Jesus, e é isto que o batismo representa,
foram batizados em sua morte. Isto significa que ao morrermos com Cristo, fomos
sepultados com ele, e a representação disto é o batismo.
O que foi sepultado com Cristo? O corpo do pecado, a velha natureza, o velho
homem e as suas concupiscências. O velho homem foi crucificado para que o corpo do
pecado fosse desfeito, de maneira que o novo homem não serve mais o pecado Rm 6. 6.
Segue-se que por meio da morte com Cristo o cristão se vê livre do seu antigo
senhor e algoz, o pecado. Quando se está preso ao pecado por meio do corpo do pecado, ou
da velha natureza, tudo o que o velho homem produz pertence ao pecado.
O bem que o velho homem faz não pode livrá-lo da condenação; o mal que ele faz
só aumentava a medida do cálice da ira de Deus. Não há como escapar, e a saída
providenciada por Deus é a cruz de Cristo.
O apóstolo Paulo é categórico: “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu
para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus (...) Pois o pecado não terá domínio
sobre vós...” Rm 6. 10 - 14.
Mas há quem sustente que a nova natureza adquirida na regeneração, não expele,
nem destrói nem desenraiza a antiga natureza. Para estes as duas naturezas co-existem:
tanto a velha quanto a nova natureza dividem o mesmo espaço, o coração da nova criatura.
Para levar adiante esta teoria, estes argumentam que: a velha natureza foi
crucificada, entretanto, a exemplo de outros criminosos que eram crucificados à época de
Jesus, estes criminosos acabavam não morrendo. O condenado a crucificação era socorrido
por amigos e familiares e mantinham-se vivos, mas tidos por mortos perante a sociedade.
Aqueles que sustentam esta teoria com base nestes argumentos esquecem que,
quanto a ter morrido, Cristo, ‘...de uma vez morreu para o pecado”. Estes esquecem que
Cristo foi sepultado e que Ele ressurgiu ao terceiro dia, e quanto ao viver, Ele ‘...vive para
Deus’. Ignoram que o crente necessariamente morre com Cristo. Ignoram que o crente após
sofrer a pena capital, é sepultado com Cristo, e que ressurge com Cristo.
Não há como o crente ser arrancado da cruz, visto que Jesus padeceu, morreu e foi
sepultado, e a morte do crente é segundo a morte de Cristo Jesus, nosso Senhor. O crente é
crucificado e sepultado, o que demonstra que não há base para tal argumentação.
Não há como ressurgir sem antes não morrer!
Estes esquecem que, se cremos em Cristo, nos conformamos com Cristo em sua
morte “Em verdade, em verdade vos digo que, se não comeres a carne do Filho do homem,
e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos” Jo 6. 53. Nós morremos
com Cristo, e a santa ceia comemora a morte de Cristo, da qual todos somos participantes.
Alguns alegam que a nova natureza é recebida na regeneração, e que por isso a
velha natureza passa a co-existir com a nova. Não é assim a regeneração em Cristo. Ela não
é recebida, antes a regeneração fala de uma nova criação.
Aqueles que crêem recebem poder para serem feitos (criados) filhos de Deus Jo 1.
12. Os regenerados são criados em verdadeira justiça e santidade “E vos revistais do novo
homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” Ef 4. 24. Os
evangelhos e as cartas em momento algum fala que a regeneração é recebida, antes fala de
uma nova criação II Co 5. 17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as
coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo “Assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” II Co 5. 17.
Mesmo possuindo um corpo físico de matéria, o novo homem é eminentemente
espiritual. O velho homem também possui um corpo físico constituído de matéria, mas é
carnal, pois é nascido da vontade da carne, da vontade do varão e do sangue.
O novo homem, embora possua um corpo constituído de matéria, é espiritual, pois é
criado segundo Deus, ou seja, segundo a vontade de Deus Jo 1. 13.
Interpretar Gl 5. 17 como sendo a luta de duas naturezas é descabido. Por que?
Observe que o texto fala da luta da carne contra o Espírito de Deus, e não a luta da carne
contra a natureza espiritual do novo homem “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o
Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis” Gl
5:17.
O apóstolo Paulo demonstra aos cristãos que há uma luta, uma cobiça entre a carne
e o Espírito. A divergência é entre o Espírito de Deus e a carne, e não uma divergência
entre a nova natureza e a velha natureza.
“Estes se opõem um ao outro” Estes quem? A carne e o Espírito.
Por que a carne e o Espírito se opõem?
A resposta é enfática: para que não façais o que quereis.
Desde o inicio da carta, Paulo demonstra que há divergência entre a lei e a fé; Sara e
Hagar; Isaque e Esaú, etc. “Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne
A doutrina da regeneração – Parte IV
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perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora” Gl 4. 29. A luta carne
versus Espírito é de longa data.
O homem nascido segundo a carne é escravo do pecado, e o homem nascido do
Espírito, é escravo da justiça. A carne e o Espírito se opõem com o objetivo de colocarem o
homem ao seu serviço: a serviço do pecado ou da justiça
.
“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque
todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo”
Gl 3. 26- 27
Quando o apóstolo fala que fomos batizados em Cristo, ele não está fazendo
referência ao rito do batismo, antes faz referência ao sepultamento com Cristo. Desta
maneira os ‘batizados’ tornaram-se filhos, pois ao ressurgirem, tornam-se revestidos de
Cristo.
Em que o Espírito e a carne se opõem?
“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz”
Rm 8. 6.
A divergência entre carne e o Espírito é porque a carne conduz a morte e o Espírito
para a vida. Segue-se que o Espírito de Deus concede aos seus filhos vida e paz, e a carne
leva os seus filhos a morte.
Há algumas argumentações que não condizem com a idéia bíblia. Dentre elas
destacamos a seguinte:
O pecado que habita o homem o força a fazer o que ele não quer
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que
comete pecado é servo do pecado” Jo 8. 34.
Para quem não crê em Cristo é possível não cometer pecado?
Uma pessoa que não joga, não fuma, que não se prostitui, que possui uma vida
regrada, e que não crê em Jesus, será salva?
Observe que Jesus disse estas palavras àqueles que já criam nele, e que ao ouvirem
estas palavras acabaram por não concordar Jo 8. 31 e 48. Os judeus que ouviam a Jesus
possuíam uma vida regrada, mas não eram filhos de Deus.
O pecado não habita o homem, antes ele é formado em pecado, ou seja, a sua
natureza é segundo o pecado, segundo a desobediência de Adão. Não há como alegar que o
pecado habita o homem, porque só é possível livrar o homem do pecado através da morte.
O pecado escraviza o homem, ou seja, tudo o que o homem faz por meio do corpo,
bem ou mal, é para o pecado, e não para Deus. Por mais que um homem lute para ser livre
do pecado por meio de boas obras, não poderá penhorar as suas obras no resgate da sua
alma, pois tudo o que produz não lhe pertence. Pertence ao pecado e o salário do pecado é a
morte.
Sobra a questão: se tudo o que o pecador produz pertence ao pecado, porque ele
obriga o homem a fazer o que não quer? É inconsistente esta argumentação.
Jesus e bem claro: “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má
produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos
bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo” Mt 7. 17- 19.
Só é possível produzir algo bom quando se está em Deus, ou seja, quando se faz a
vontade de Deus Mt 7. 21. E a vontade de Deus é está: que creiamos em seu Filho. Só é
possível produzirmos boas obras após crermos que Deus enviou o seu Filho em resgate da
humanidade, e ai sim, veremos que as boas obras são feitas em Deus.
Exemplo clássico sobre as duas naturezas
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um
receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” II Co 5. 10.
Dá para se constatar que, o homem mesmo após a regeneração, ainda incorre em
erros, pois a bíblia demonstra que haveremos de comparecer perante o tribunal de Cristo
para recebermos o que houvermos feito por meio do corpo.
É plenamente compreensível recebermos pelo bem, mas quando a bíblia afirma que
receberemos pelo mal que houvermos praticado, já não se consegue compreender a
explicação de Paulo.
Este versículo requer uma análise apurada sobre as considerações formuladas acerca
da nova vida, principalmente porque é factível ao cristão o praticar o mal.
Com base neste versículo verifica-se que no tribunal de Cristo haverá um
julgamento quanto às obras daqueles que nasceram de novo, e quanto ao julgamento da
obras não há acepção de pessoas. Observe que o tribunal do Trono Branco também será
estabelecido para julgar as obras daqueles que não estão inscritos no livro da vida.
Temos na bíblia vários registros de erros cometidos pelos servos de Deus, o que não
os desclassificou para a salvação.
Mas, alguns à vista dos erros cometidos por aqueles que nasceram de novo, afirmam
que há duas naturezas em conflito no interior do homem regenerado. Estes chegam a
afirmar que se não existir um conflito no interior daqueles que se dizem cristãos,
possivelmente ainda não foram transformados. Que o tal conflito seria prova suficiente de
que há uma nova natureza no interior do regenerado.
Sabemos que o sangue de Cristo nos reconciliou com Deus e que passamos a ter paz
com Deus. A bíblia é clara, obtemos paz que excede a todo entendimento. Como aceitar
que há um conflito no interior do novo homem, templo em que o Espírito de Deus habita?
Haveria como não haver paz onde Deus habita?
Na tentativa de explicar por que o crente ainda comete erros, tem-se veiculado a
seguinte estória: um certo feirante promovia a disputa entre dois cães, um branco e o outro
preto; os apostadores ficavam perplexos, pois um dia o cachorro branco ganhava e no outro,
o cachorro preto. Após inquirirem sobre como ele fazia para que um cão suplantasse o
outro na luta, o segredo apontado pelo feirante foi: quando quero que um cachorro ganhe
uma luta, eu o alimento e deixo o outro com fome.
Com base nesta estória alguns teólogos e pregadores afirmam que o segredo para a
que o crente vença a carne está na alimentação das duas naturezas.
Tal ilustração apresenta vários erros:
• É possível alimentar o Espírito? Observe que o versículo de Gl 5. 17 aponta
para o Espírito de Deus. Como alimentar aquele que dá vida?
• A abstinência total ou parcial de alimentos pode alimentar o Espírito e
suplantar a carne? A resposta está em Cl 2. 23;
• A bíblia afirma que; “Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas” I Jo 1. 5.
Através da regeneração nos tornamos filhos da luz, como explicar que o
novo homem ainda abriga trevas?
O uso desta fábula para tentar ilustrar o que não se entende, tem raiz histórica.
Quando Jó caiu em desgraça, os seus amigos tinham vários argumentos para tentar
explicar o que não entendiam; como era “inexplicável” um justo viver em tamanha
desgraça, os seus amigos se puseram em ‘defesa’ de Deus “Por Deus falareis perversidade?
Por ele enunciareis mentiras? Series parciais por Ele?” Jó 13. 7- 8.
A bíblia é clara: “Pois sabemos isso, que o nosso velho homem foi com ele
crucificado...” Rm 6. 6. Crucificado o velho homem, ele não mais vive.
Torcer os ensinamentos bíblicos só para tentar explicar o que a nossa mente não
alcança é temeroso e antibíblico. Qualquer argumentação descarta uma ‘culpa’ em Deus,
mas acusar o novo homem de pecado, ou de possuir duas naturezas só porque não temos
argumentos para explicar o porquê o crente ainda está sujeito a erros, é o mesmo que
atribuir falta a Deus.
“Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos
achados pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma”
Gl 2. 17
Paulo demonstra que os cristãos haviam procurado por meio da fé a justificação em
Cristo. Mas, se ao serem justificados em Cristo ainda precisavam de elementos pertinentes
a lei para se considerarem plenamente justificados, seria o mesmo que dizer que ainda
estavam no pecado.
Se após ser justificado com Cristo ainda se é pecador, resta concluir que Cristo seria
ministro do pecado. Mas Paulo demonstra que de maneira alguma é assim.
Ao ser justificados por meio de Cristo não se é mais pecador! Não existe pecado na
nova criatura, pois se assim fosse, Cristo haveria de ser ministro do pecado.
“Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o
conheceu (...) Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de
Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” I Jo 3. 6; 5. 18.
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